IAN BRADY E MYRA HINDLEY, OS ASSASSINOS DO PÂNTANO


Eles são considerados os mais terríveis serial killers do Reino Unido, Ian Brady e Myra Hindley se tornaram a personificação do mal.

Este casal demoníaco cometeram os seus crimes nos anos 60 e foram tão cruéis que eles são considerados por muitos como o mal encarnado na terra. Apesar dos dois terem cometido um número relativamente baixo de homicídios em relação à outros assassinos em série, a forma como eles matavam as suas vítimas era extremamente perversa, sádica e com requintes de crueldade.

O casal de serial killers ficou conhecido na década de 60 como "Os Assassinos do Pântano” – por terem desovado, quatro dos cinco corpos de crianças assassinadas por eles, com idades entre 10 e 17 anos, em uma região pantanosa de Saddleworth Moor, na Inglaterra.

Ian Stewart – nasceu em janeiro de 1938 numa região pobre de Glasgow, na Escócia. Ele era filho de uma mãe solteira que trabalhava como garçonete. Passando por necessidades financeiras extremas, a sua mãe o entregou ainda com 4 meses de idade a um casal de amigos para que cuidassem do menino, o casal era John e Mary Sloane, que já tinham outros quatro filhos. A sua mãe o visitava com frequência, mas não revelou que era a sua mãe biológica, Ian a chamava de Tia Peggy. Mas ela parou de visitar o filho quando se mudou para Manchester na Inglaterra com o seu novo marido, Patrick Brady, na época, Ian tinha 12 anos.

Em algum momento, possivelmente já no começo da adolescência, Ian descobriu que a tia Peggy era na verdade a sua mãe legítima.

Nessa idade conturbada, Ian que embora fosse inteligente (inclusive acima da média), vagabundeava e era relapso com os estudos, passando a se interessar de forma obsessiva pela ideologia ariana de Hitler, colecionando peças como suásticas, fotos e todo tipo de objeto da Segunda Guerra Mundial, ficando conhecido entre os amigos como um verdadeiro fanático pelo nazismo. Aos 16 já colecionava três prisões por roubos. Ele era conhecido na região por seu sadismo com animais, certa, ele fez um buraco no chão, jogou um gato dentro e depois cobriu o buraco com uma pedra, só para saber quanto tempo o gato levaria até morrer de inanição. Nessa época ele escapou de ir para um reformatório quando concordou em deixar a favela de Glasgow na Escócia e ir morar na casa da sua mãe na Inglaterra.

Foi a partir daí que ele adotou o nome de seu padrasto, passando a ser conhecido como Ian Brady e tentou se adequar a uma vida normal, buscando atividades e trabalhando em um supermercado. Nessa época ele conheceu os escritos do pai do Sadismo, o Marquês de Sade, na qual a crença sadeana enxergava o assassinato “como um ato necessário, nunca criminoso”. Ian também passou a beber muito, mas por uma questão de superioridade, e para se destacar com os demais, ele evitava consumir cerveja (vista como uma bebida inferior) e passou a beber somente vinhos caros.

Aos 17 anos foi enviado para a prisão novamente, onde aprendeu contabilidade. Saindo da prisão, pulou de emprego em emprego, até que favorecido pela função aprendida nos tempos de cárcere, foi empregado no setor de estoque da empresa Millwards Merchandising.

Myra Hindley – nascida em Manchester em julho de 1942, Myra era a filha mais velha de Nellie e Bob. Nos primeiros quatro anos de vida sofreu violência física pelas mãos de seu pai. Certa vez, ao ser debochada por uma criança da vizinhança, seu pai teria a mandado bater nesta criança, e caso não ela não o fizesse, ele a espancaria por isso. Com a guerra, a presença de seu pai foi suprimida por sua ida ao fronte (seu pai teria servido em alguma região da África do Norte e na Itália durante a II Guerra Mundial), ocasionando que ela e a mãe fossem morar com a avó, Ellen Maybury – que adorava a neta. Com o término da guerra, os pais de Myra se separaram por desentendimentos e ela passou a morar em definitivo com a avó.

Inteligente e apaixonada por natação teve uma infância sem muitas conturbações, sendo sempre solícita com as pessoas, o que a levaria na adolescência ao emprego de babá, ficando bastante conhecida na região em que residia. Aos 16 anos deixou os estudos para conseguir um emprego como balconista em uma empresa de engenharia.

Um acontecimento marcante em sua vida, foi a morte de um amigo, Michael Higgins – o qual Myra considerava um irmão. Certa tarde o amigo a convidou para nadar em um lago, mas ela não quis ir. Michael acabou se afogando e Myra passou mais de um ano se culpando por sua morte, pois ela era conhecida como uma excelente nadadora e imaginava que poderia tê-lo salvo. Mais tarde conheceu Ronnie Sinclair, de quem ficou noiva, mas posteriormente terminou o noivado por sentir que o relacionamento não provia fortes emoções. Aos 18 anos foi empregada na Millwards Merchandising e conheceu Ian Brady, seu futuro parceiro de relacionamento e crimes.

Embora Myra tenha tentado flertar com Ian por aproximadamente um ano, ele a ignorava, e mesmo que Myra não tomasse iniciativa, em seu diário pessoal ela o endeusava e tecia juras de amor.

“Ele é cruel e egoísta, e eu o amo por isso” (escreveu em seu diário).

Ele mal a notava, pois embora Ian pudesse ter o perfil aparentemente heterossexual, na
realidade ele era homossexual e não tinha interesse em Hindley.

Entretanto, em certa altura, ele cedeu as investidas da moça e a levou ao cinema, e enquanto outros casais da época foram assistir o mais recente filme de James Bond, Ian levou Myra para assistir um documentário sobre a II Guerra Mundial.

Estabelecido o relacionamento, Ian passou a induzi-la a ler sobre Hitler e Marquês de Sade, como se estivesse criando alguém a sua imagem. Durante esse tempo, ao invés de consumar o relacionamento, Ian fez jogos psicológicos com sua presa, ele a ignorava por alguns meses e depois voltava a puxar assunto. O que a deixou totalmente alucinada por ele. Finalmente, quando assumiram o namoro, sabe-se que ele tirou a virgindade dela em um ato sexual muito violento.

A partir desse ponto, Myra passou a tentar agradá-lo de todas as maneiras, tingindo o cabelo, passando a ser “platinada” para atender as expectativas arianas do parceiro, ela começou a se vestir como ele desejava, se maquiava como ele mandava, e passou a posar para fotos pornográficas para ele, já que o mesmo era fissurado em tecnologia e teria construído um estúdio de revelação de fotos em sua casa, bem como, passava as horas vagas gravando os discursos de Hitler em discos de vinil.

O desenrolar dessa aceitação inquestionável por parte de Myra, incentivou Ian a desenvolver e a compartilhar suas fantasias sádicas de “prazer supremo” que seria estuprar e assassinar outras pessoas. Eles passaram a compartilhar literatura sobre assassinato, incesto e pedofilia.

Leram um livro chamado “Compulsão” sobre o rapto de um garoto e sua morte por dois estudantes ricos. O livro tinha a intenção de ser um argumento contra a pena de morte, entretanto na mente diabólica de Ian, o foco foi encontrar onde eles teriam errado, para elaborar o seu primeiro crime perfeito. Chegando a conclusão de que o erro dos assassinos do livro foi que eles raptaram e mataram um garoto perto de onde moravam e deixaram o corpo no local.

Ian teceu um plano, no qual Myra se disfarçaria, raptaria uma criança e a levaria ao pântano, e lá ele a estupraria, mataria e sumiria com o corpo. Eles então começaram a ensaiar para aperfeiçoar o método.

A primeira vítima foi a adolescente de 16 anos, Pauline Reade, que estava a caminho de um baile. Eles armaram uma cilada pra ela em julho de 1963, atraindo a vítima até a região de Saddleworth Moor onde o terreno é acidentado, com grama irregular e cheio de pântanos. Ian estuprou Pauline e cortou sua garganta sendo observado por Myra. Então ambos queimaram o corpo e o enterraram no meio do pântano.

Após experimentarem a sensação de matar, em novembro do mesmo ano, decidiram novamente sequestrar. Desta vez a vítima foi John Kilbride de 12 anos, atraído ao pântano por Myra com a desculpa de encontrar uma luva que ela havia perdido. Ele foi agredido, estuprado, morto e enterrado no pântano.

Em junho de 1964, os assassinos não se contiveram e sequestraram outra criança, com a mesma idade de John, Keith Bennett, foi sequestrado perto de sua residência e levado ao pântano. O garoto também foi estuprado, morto e enterrado no pântano.

A essa altura, o casal se vangloriava dos corpos não terem sido encontrados e acreditavam ser invencíveis. Somente o registro do desaparecimento das vítimas e cartazes de buscas haviam sido distribuídos, o que na visão de Ian embalava sua impunidade e sensação de superioridade.

Após seis meses, mais precisamente no dia 26 de dezembro de 1964, o casal sequestrou de um parque de diversões a pequena Lesley Ann Downey, de 10 anos. Com ajuda de Myra, Ian tirou fotos pornográficas da pequena Lesley e além de molestá-la, gravou em uma fita de áudio a sessão de tortura que fizeram com a criança. Após isso, Ian a estuprou violentamente e Myra a enforcou com um lenço que costumava utilizar para sair em público. Posteriormente enterraram o corpo da criança no pântano junto as outras vítimas.
Passado algum tempo, Ian estaria compartilhando seus interesses em roubar um banco com o cunhado David Smith, que era casado com a irmã de Myra, Maureen. Em suas conversas, Ian teria se vangloriado ao cunhado de suas matanças, o qual teria duvidado – inconformado com a descrença de David, Ian combinou pediu que David fosse até sua casa em determinada ocasião, para poder provar tudo o que havia dito, e do que era capaz.
No dia marcado, Myra e Ian fisgaram uma nova vítima na Estação de Trens de Manchester, era o adolescente Edward Evans de 17 anos, ele era homossexual e foi atraído por Ian dizendo que Myra era sua irmã. Partiram todos para um drinque em sua casa. Depois de beberem vinho, Brady saiu de casa para buscar o cunhado, que foi instruído a esperar do lado de fora da casa, até que Ian desse um sinal, acendendo a luz da frente da casa, para que ele entrasse na casa. No desenrolar dos fatos, David ficou sozinho na cozinha, então teria ouvido um grito, indo correndo em direção ao som, encontrou Ian Brady batendo na cabeça de Edward com um machado, depois estrangulando a vítima com um pedaço de cabo elétrico.

Em choque, David ajudou o casal a limpar toda a cena do crime, assim como empacotar em malas alguns objetos incriminadores. Durante o assassinato Ian machucou o tornozelo, o que os impedia naquele momento de deslocar o corpo para o pântano. Então enrolaram o corpo da vítima em plásticos e o colocaram no quarto de visitas e antes de David voltar para casa, o fizeram prometer que retornaria para ajudar a jogar o corpo no pântano. Porém, David, em choque, retornou para casa e contou tudo a sua esposa e ela ligou imediatamente para a polícia.

Na manhã seguinte a polícia foi até a casa do casal, e encontraram Brady escrevendo uma nota a seu empregador alegando não poderia ir trabalhar por ter machucado o tornozelo. Os policiais revistaram a casa até encontrarem o quarto de visitas trancado a chave, o qual Myra dissimulou alegando que a chave estava em seu local de trabalho, mas ao ser oferecido carona para ela ir buscar a chave, Myra acabou abrindo a porta do quarto onde foi encontrado o corpo.

Quando questionados, Myra se esquivou enquanto Ian alegou ter tido um desentendimento e ter matado a vítima em um acidente. Ele acabou sendo preso, enquanto Myra permaneceu em liberdade por mais quatro dias. Ela estava tentando abandonar o emprego e dar entrada nos benefícios trabalhistas para poder fugir da cidade.

Durante o interrogatório, Brady tentou incriminar David no assassinato e isentar Myra da participação. Entretanto David falou onde estavam as malas que havia ajudado a encher com os itens incriminadores e disse que Brady as teriam escondido na estação de trem. As autoridades policiais procuraram por indícios dessas bagagens e encontram um recibo dentro de um livro de orações de Myra, na casa do casal de assassinos, o que os levou a rastrear as malas na estação, encontrando no conteúdo diversas provas como 9 fotos pornográficas de uma criança com um lenço na boca, bem como uma fita de áudio, ambas provas da tortura, abuso e morte de Lesley Ann. Mais tarde encontraram na casa um caderno com o nome de uma das vítimas rabiscado, o que era uma prova do envolvimento do casal.

Encontraram ainda fotos do casal, onde uma em especial que mostrava Myra posando na região dos pântanos, o que levou os policiais a desconfiarem e irem ao local. Daí em diante, eles passaram um mês vasculhando a região, acabando por encontrar o corpo de Lesley Ann.

Ao longo do julgamento, e dos anos, Myra e Ian fizeram jogos com a mídia, e a polícia. Não admitiram os crimes de imediato e deixaram que os corpos fossem encontrados ao acaso. Em diversas ocasiões, tanto um quanto o outro foram levados amarrados a região do pântano para apontar os locais de desova, o que pareceu ser somente uma artimanha para eles passearem na região, visto que sempre alegavam que a vegetação havia mudado ou que haviam se esquecido de onde era o local correto.

Posteriormente foi encontrado a 100 metros do local de desova da pequena Lesley Ann o corpo da primeira vítima, Pauline e logo após encontraram o corpo de John Kilbride.
O corpo de Keith Bennett nunca foi encontrado, e a sua mãe enviou muitas várias cartas tanto a Myra quanto a Ian implorando para que indicassem o local, mas ela sempre foi ignorada friamente por Myra e tratada com desdém por Ian Brady.

Em 1971 Myra Hindley cortou definitivamente o contato com Ian, já que havia uma nova paixão na sua vida, uma oficial da prisão que era lésbica. Vale salientar que naquela época não existiam códigos de conduta rígidos sobre o relacionamento entre presos e carcereiros.
Ian por sua vez, finalmente assinou uma confissão formal, e se propôs a encontrar o corpo de Keith Bennett, que não resultou em nada, pois o próprio Ian se perdeu na região do pântano. Mais tarde, ele enviou uma carta à um repórter da BBC se vangloriando de outras cinco vítimas sem contudo entregar os nomes. A polícia nunca encontrou possíveis vítimas que se encaixassem a época dos fatos, e ao questionarem Myra, essa alegou desconhecer esses assassinatos. Possivelmente se tratando de mais uma artimanha de Brady para ter atenção da mídia.

Myra Hindley continuou ao longo dos anos impetrando apelações e recursos para conseguir liberdade, sem êxito. Em novembro de 2002, ela faleceu, após desenvolver pneumonia, causada por uma avançada doença cardíaca.

Ian Brady após 19 anos na prisão foi diagnóstico com psicopatia. Atualmente ele se encontra internado em um hospital psiquiátrico. As últimas notícias dele são de dezembro de 2016, onde em uma carta escrita por ele, informava que estava em estado terminal, com problemas graves no pulmão, estando internado há cerca de dois anos.

|ROTEIRO ORIGINAL|
Luisa C.

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