VINGADORES NAKAM
Dirigido por Abba Kovner, o Grupo Nakam de Vigilantes Judeus criou um plano audacioso para matar 6 milhões de alemães como vingança pelo Holocausto.
Para muitos judeus, o fim da Segunda Guerra Mundial não foi o fim da sua guerra contra a Alemanha Nazista, pois muitos sentiram que o julgamento de alguns nazistas foi muito brando e não era o suficiente para fazê-los pagar pelos crimes do Holocausto.
Segundo os Nakam, os julgamentos ocorridos em Nuremberg não responsabilizou todos os alemães que foram cúmplices das brutalidades cometidas contra os judeus durante a Segunda Grande Guerra. Muitos nazistas foram apenas presos em campos de concentração improvisados e a maioria deles foram simplesmente enviados para casa.
Logo, grupos de vigilantes judeus formaram grupos extermínios para promulgar a sua própria marca de justiça. Centenas de nazistas foram perseguidos, levados para a floresta e executados por esses grupos. Outros foram enforcados em suas casas ou simples encontrados mortos em valas pela cidade.
Mas para um homem chamado Abba Kovner, isso não era o suficiente, pois ele acreditava em um estilo de justiça baseada no Antigo Testamento. Assim como os nazistas haviam matado cerca de 6 milhões de judeus, ele achava que 6 milhões de alemães também deveriam sofrer o mesmo destino. Seria olho por olho.
Então, Kovner formou uma milícia conhecida como Nakam ou Nokmim, que pode ser traduzido como “Os Vingadores”. Era inevitável formar esse grupo segundo os seus membros. Todos os judeus viviam com um sentimento de humilhação e sede de vingança. Eles não aceitavam que depois da guerra todos os judeus tivessem apenas voltado a rotina diária como se nada tivesse acontecido.
A ideia dos Vingadores Nakam, era conhecida como “Plano A”. Eles pretendiam envenenar o abastecimento de água de cinco cidades alemãs: Nuremberg, Weimar, Hamburgo, Frankfurt e Munique. Caso não desse certo, eles tinham o “Plano B”, que era bem menos audacioso. Eles iriam envenenar a comida que alimentava os prisioneiros de guerra alemães.
Em meados de 1945, Kovner já contava com cerca de 50 recrutas para ajudá-lo a executar o “Plano A”. Disfarçados de engenheiros e trabalhadores, os Vingadores Nakam se infiltraram nas obras dos dutos de água de cada cidade-alvo. Lá, eles estudaram como o abastecimento de água era bombeado para as casas alemãs.
Em setembro de 1945, Abba Kovner pegou um navio comercial para a Palestina afim de comprar veneno, deixando a sua futura esposa, Vitka Kempner, como responsável pelos Nakam. Kovner também estava indo a palestina para pedir a bênção de lideranças judaicas e com isso justificar espiritualmente o seu plano. Mas infelizmente a grande maioria não deu a tão esperada benção que Kovner queria, na verdade, o único que se solidarizou com a causa foi Chaim Weizmann, presidente da Organização Sionista Mundial e Líder do Conselho do Estado Provisório de Israel. Weizmann se tornaria mais tarde o primeiro Presidente de Israel.
Weizmann, também era um renomado químico, que deveria repassar para Kovner o poderoso veneno para o plano dos Nakam. Mas foi Ephraim Katzir, que trabalhava para Weizmann, quem entregou os recipientes com o veneno para Kovner. Avisando que ele era extremamente letal mesmo em minúsculas quantidades. Aparentemente, Weizmann aprovou o uso de veneno para ser usado apenas nos prisioneiros nazistas, mas desconhecia o plano de matar 6 milhões de alemães.
Em 14 de dezembro de 1945, Abba Kovner, armado com duas latas de veneno, partiu de Alexandria para Toulon, na França. Quando o barco aportou em Toulon, oficiais britânicos anunciaram nos alto-falantes do barco o nome falso que Abba Kovner usava para viajar, pedindo que ele se entregasse. Kovner sem saber para onde fugir, esvaziou uma das latas no mar. Ele deu a um comparsa que o acompanhava um bilhete e a outra garrafa de veneno e se entregou. Kovner então foi preso, ele muito provavelmente foi denunciado pelos outros líderes judeus que se opunham à sua trama e entraram em contato com as autoridades. Ao chegar ao posto de comando o comparsa de Kovner abriu o bilhete, que estava escrito o seguinte: "Prossigam com o Plano B".
Os Nakam, agora sob a nova liderança de Joseph Harmatz, começaram a planejar como iriam envenenar os prisioneiros nazistas, que estavam no campo de prisioneiros de guerra chamado Stalag 13-D, em Nuremberg. Lá, os Vingadores Nakam poderiam matar cerca de 12.000 prisioneiros.
Ao invés de envenenarem o abastecimento de água do local, os Nakam resolveram envenenar a comida dos detentos. Pois eles tinham um membro do grupo judeu que trabalhava na padaria que fornecia pães diariamente ao campo de concentração. Logo, os Nakam levaram o recipiente com o veneno a base de arsênico para Nuremberg.
Nas primeiras horas do dia 13 de abril de 1946, 3.000 pães foram revestidos em uma mistura de massa e arsênico. À noite, milhares de nazistas foram hospitalizados.
O jornal New York Times informou que 2.238 nazistas adoeceram misteriosamente. No entanto, não ficou claro se algum nazistas havia morrido por causa do veneno. Documentos encontrados posteriormente afirmam que realmente nenhuma pessoa morreu, o que é estranho, considerando que os Vingadores Nakam usaram arsênico suficiente para matar milhares de pessoas. No entanto, eles devem ter colocado uma quantidade pouco significativa nos pães que foram distribuídos, e os pães eram muito pequenos.
Depois disso, nunca mais o grupo de judeus Nakam tentou uma operação de vingança tão grande. Pouco tempo depois, muitos dos membros dos Vingadores Nakam concentraram os seus esforços na formação e defesa do estado independente de Israel, no qual Abba Kovner também desempenhou um papel fundamental.
Por fim, nem Kovner nem nenhum outro membro dos Nakam foram acusados de crimes ou qualquer tipo de atentado. Décadas depois, promotores alemães investigaram o assunto, mas não prestaram queixas devido as “circunstâncias extraordinárias” as quais na época eles foram submetidos.
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